Seus pais não aceitaram muito bem a ideia de ela sair do conforto da casa deles na grande São Paulo para ir viver com mais duas ou três meninas em um apartamento no centro velho paulistano. Mas não tinha como impedi-la.Duda exalava felicidade ao falar de seu apartamento. E seus olhos? Ah, como brilhavam ao falar do tal apartamento. Seus pais realmente não tinham como impedi-la. Eles não conseguiriam.
Duda sempre fora muito focada em seus desejos. Se quisesse muito algo não mediria esforços para conseguir o desejado. E agora estava lá, realizando mais um sonho. Era um apartamento esquisito, velho, pequeno, 4 cômodos: sala. cozinha, 2 quartos. O banheiro era minúsculo, tinha uns azulejos escuros e alguns estavam quebrado, sem contar o teto, que estava com infiltração. Os outros cômodos também não eram lá aquelas coisas.
O apartamento estava praticamente nu. Tudo que havia em seu quarto na casa de seus pais Paula levou: na sala deixou seus 2 puf e a pequena TV de 14' ficou no chão. Em um dos quartos fixou sua cama e seu guarda-roupa. O desastre mesmo era a cozinha: exceto o fogão, que era embutido, não havia mais praticamente nada lá. Duda só tinha uma cafeteira que sua mãe a deixou levar e sua caneca. Mas era só isso. Não tinha um prato, um talher, um copo, nada. Absolutamente nada. Mas ela não ligava. "Amanhã, quando as meninas chegassem a gente faz alguma coisa. E também, as coisas vão se resolvendo com o tempo", pensava ela.

Quando acabou o cigarro e seu café esfriou, Duda tomou uma ducha quente. vestiu uma camiseta velha e dormiu.